O SENADOR JOSÉ AGRIPINO MAIA (DEM RN) É APRESENTADO PELA GRANDE MÍDIA COMO UM ÍCONE DA MORAL, SEMPRE ENTREVISTADO PARA DENUNCIAR AS MAZELAS DO GOVERNO LULA E PONTIFICAR SOBRE ÉTICA POLÍTICA, SEU PASSADO, PORÉM NÃO O ABONA.
Do meio para o fim dos anos 1970, para fazer parte do grupinho oligárquico que havia duas décadas comandava a politica do Rio Grande do Norte, uma condição era suficiente e necessária: aderir à estratégia de renovação do regime autoritário, preparando-se para a transição. Isto é, a bênção dos militares era mais que bem-vinda. O industrial Osmundo faria, dono da salina Amarra Negra e de vasto latifúndio no agreste, estava para ser anunciado sucessor do governador Cortez Pereira (1971-1975). Não tinha experiência em cargo eletivo - era suplente do senador Dinarte Mariz. Mas contava com o apadrinhamento de ninguém menos que o ministro do Exercito, general Dale Coutinho, ex chefe da repressão no Nordeste. Era, no dizer do politico gaúcho Leonel Brizola, o"filhote da ditadura"da vez.
O episódio que pesou contra Osmundo Faria, em maio de 1974, deu-se noHotel Nacional, na Ribeira, centro de Natal, ponto de encontro de lideranças políticas. O ex-deputado Anderson Dutra, ao irromper no bare cumprimentar o deputado Ivan Rosado, aliado de Dinarte, cometeu uma inconfidência que mudaria os rumos da história política do Estado: - Aluízio é muito forte. Mesmo cassado, tá ali cochichando com o futuro governador. Na noite desse mesmo dia, Dinarte já sabia. Foi o suficiente para o senador voltar-se contra o próprio suplente Osmundo Faria e opor-se à nomeação dele. Aluízio Alves, chefe de extenso clã, tinha ascendido aogoverno em 1960, após intensa luta eleitoral contra o então governador Dinarte MAriz e seu candidato, o deputado federal Djalma Marinho, ruim de voto, mas importante quadro intelectual da direitista UniãoD emocrática Nacional, a UDN.
Apoiado pelo PCB e outras forças de esquerda, Aluízio representava interesses de modernização num Estado dominado pela agropecuária. Tinha, contudo, sólidas raízes udenistas - foi eleito deputado federal seguidas vezes, a partir de 1945, pela UDN, pilotando programas de rádio e organizando ações de assistência aos flagelados das secas. Um populista cujo mandato de deputado federal acabaria cassado em fevereiro de 1969 sob a acusação de corrupção. Mais próximo dos generais da ditadura, Dinarte, assim que soube da conversa no bar do hotel, escreveu para o "general de plantão" Ernesto Geisel, reclamando que nem sequer havia sido ouvido sobre a escolha de Osmundo. Geisel chama Petrônio Portela, seu principal articulador:
- Petrônio, você já nomeou o governador do Rio Grande do Norte?
- Ainda não - responde Petrônio de cima do muro.
- Então, dê uma satisfação ao senador Dinarte Mariz.
Não anuncie agora, não.
- Tudo bem. No dia seguinte, morre Dale Coutinho, padrinho de Osmundo e generallinha-dura, que havia proclamado:
- O Brasil melhorou muito quando começamos a matar! É quando entra em cena o general Golobery do Couto e Silva, eminência parda do governo Geisel: convoca o amigo Tarcísio Maia para assumir o governo potiguar e começar a renovar a elite política estadual, como aconteceria país afora.
Um filhote gera outros: nasce a oligarquia Maia. Apesar de ruim de urna, Tarcísio tem fama de bom administrador
- sob abatuta dos generais foi presidente do extinto Ipase, Instituto dePrevidência e Assistência dos Servidores do Estado.
Mostrou-se desdecedo um filhote da ditadura implacável, ávido pelo poder.
A partir de1975, montou uma estrutura de trabalho social preconizada pelo II PND (Plano Nacional de Desenvolvimento) e se fez senhor da política estadual, indicando o primo e compadre, o médico Lavoisier Maia, seu secretário de Saúde, para sucedê-lo na chefia de governo em 1979. Segundo José Antonio Spinelli, sociólogo e professor do Departamento edo Programa de Pós-Graduação em Ciência Sociais da UFRN, UniversidadeFederal do Rio Grande do Norte, esse processo de sucessão deu início àmontagem de uma máquina política poderosa, que ocuparia o poder porlongos anos.
- Essa composição de poder vai ser extremamente receptiva aosinteresses do setor econômico moderno que se consolida nos anos 60 e70. Mas, assim como seus adversários históricos, os aluizistas, traziaa marca do velho na origem, a utilização do enpotismo como forma de sereproduzir. Por sua vez, Lavoisier indica para a prefeitura da capital o filho deseu primo Tarcísio, José Agripino Maia, 33 anos, jovem engenheiro da EIT, uma empreiteira potiguar, de sólidas ligações com governos doNordeste. Antes de nomeado, José Agripino prestava serviço para a EITem São Luís, onde a empresa mantém escritório até hoje. Spinelli confirma: a indicação de quadros técnicos, jovens, ligados ao empresariado de ponta, para as capitais nordestinas, obedecia à estratégia de perpetuação do regime autoritário. Embora dependente dos recursos e das diretrizes técnicas do governo federal, José Agripino, bom de palanque, desembarca no Rio Grande do Norte disposto a tocar, a qualquer custo, o projeto de poder do velhoTarcísio, seu pai. Inicia em 1979 um programa habitacional que o torna popular. Natural de Mossoró, filho de pai paraibano e mãe baiana, José Agripino faz parte do ginásio em Natal, no Colégio Marista, onde estudam os filhos da pequena burguesia.
Aos 13 anos muda para o Rio, onde cursa o Colégio Andrews. Gradua-se em engenharia civil e faz pós-graduação emestabilização de taludes. Analisada friamente, a trajetória de ânsia pelo poder de José Agripino é exemplo de sucesso nas urnas: governador em 1982, na primeira eleição direta pós-1964, contra ninguém menos que Aluízio Alves; e novamente em 1990, em disputa com o primo Lavoisier Maia (o mesmo que o nomeou filhote-prefeito em 1979); e depois senador por dois mandatos. Ajuda dos milicos: o voto camarão Voto vinculado, invenção da ditadura, que o povo apelidou de voto camarão: o eleitor só podia votar em candidatos de um mesmo partido, sob pena de anular o voto.
Era o que José Agripino precisava nas eleições de 1982 para governador. Nem mesmo a popularidade de Aluízio Alves conseguiu vencer a estrutura montada em torno do jovem prefeito. Coordenador da campanha de Aluízio, o jornalista Ticiano Duarte detalha o que pesou a favor do adversário:
- José Agripino foi beneficiado pelo voto camarão. O PDS tinha tudo, estrutura maior, poder, dinheiro. Eram quatro deputados do nosso ladocontra vinte e tantos do outro; eram seis, oito prefeitos contra noventa. Cem vereadores contra quinhentos. Aluízio venceu em Natal porem votos, mas perdeu feio no interior. José Agripino Maia toma posse em 15 de março de 1983 e, dali a doisanos, será flagrado numa reunião com auxiliares e 120 prfeitos,acertando o que constituiria a maior fraude elitoral da história doRio Grande do Norte. Dessa vez, José Agripino queria eleger prefeita de Natal sua secretaria de Promoção Social, Wilma Maia, em 1985. Tinham como adversário o deputado estadual Garibaldi Alves Filho (PMDB), sobrinho de Aluízio e hoje presidente do Senado.
O plano foi todo armado em quatro reuniões, no Centro de Convenções, Zona Sul de Natal. José Agripino simplesmente instruiu os prefeitos a comprar títulos eleitorais, distribuir presentes, incentivar tumultos nos processos devotação e apuração e, ainda, usa veículos oficiais com placas friaspara transportar eleitores do interior para a capital. O caso ficou conhecido como Escândalo Rabo-de-Palha, rótulo fornecido pelo próprio José Agripino, que ao final de uma reunião pediu: - Não podemos deixar rabo-de-palha. Caros Amigos reproduz aqui parte da conversa. Laudo do Instituto Nacional de Criminalística, da Polícia Federal, diz que a voz é do governador. José Agripino
-Os pobres estão indecisos.
É em cima desse povo quevocê tem que atuar. Com uma feirazinha, com um enxoval, com umas coisinhas.
Iberê Ferreira de Souza (secretário) - O povo mais pobre que não se compromete, troca o voto por qualquer coisa. Botar o milho no bolso,porque sem milho não funciona.
Álvaro Alberto (financiador) - O meu jogo é aberto. Se é preciso comprar os títulos, vamos comprar. Te que gastar dinheiro, tem que chegar com o dinheiro. O conceito de democracia de Agripino é peculiar, não é adequado averbete de dicionário, serve apenas a ele e seus apaniguados: - Vamos indicar ma área para vocês trabalharem e inclusive nas áreas modestas, de eleitores indecisos que são sensíveis a uma conversa e a uma negociação, que será feita por nós ou por eles. Democracia é isto! O conceito de terrorista também:
- E aí eu quero fazer um lembrete: importante não é a quantidade de pessoal, é a qualidade das pessoas, porque, se a gente traz uma mocinha, como eu vi na eleição de 82, mocinhas inexperientes, elas ocupam uma função, não dão conta do recado e perdem fácil para o comunista, o terrorista, que vai se impor, intimidar e ganhar nogrito. Incômoda redemocratização Com a redemocratização e a nomeação do peemedebista Aluízio Alves ministro da Administração do governo Sarney, os adversários de José Agripino é que passam a dar as cartas em Brasília.
O plano do então governador, de "implodir" o PMDB, não se concretiza. Pelo contrário. ALuízio a autoconcessão da TV Cabugi (afiliada da Globo) - sua família também é dona de rádios e do jornal Tribuna do Norte. Garibaldi Filhoé eleito prefeito de Natal. No ano seguinte, a chapa João, Lavô e Jajá(João Faustino para governador r Lavoisier Maia e José Agripino, senadores) leva as duas vagas do Senado, mas perde na "cabeça" para Geraldo Melo,a liado dos Alves. O filhote não cai, mas balança. Nos últimos trinta anos, alguns atos de José Agripino povoam ofolclore político da região. Um deles, quem conta é o colega AiltonMedeiros, blogueiro e apresentador de progrma de entrevistas de umaemissora de televisão de Natal. - No primeiro governo de José Agripino, me mandaram cobrir a visita dogovernador aos flagelados do Seridó. Eu estava acompanhando o senadorDinarte Mariz, quando José Agripino começou a fumar numa piteira deouro. Foi repreendido por Dinarte: "O que é isso? Isso é maneira devisistar os flagelados?" Daí, o governador, meio sem jeito, apagou ocigarro. Outro detalhe é o gosto de José Agripino por carros e equipamentos desom e imagem. Em 2002 declarou que tem um luxuoso Mercedes SL-320 de114.500 reais; a sala de cinema instalada em seu apartamento de Natalestá avaliada em mais de 150.000 reais. Lourismo: uma questão de bom gosto racial Em 2006, o jornalista e escritor Orlando Rangel Rodrigues, o Caboré,lançou Rabo-de-Palha: o Jabá de Jajá. Caboré é um tipo atuante,opositor da ditadura militar e crítico feroz das oligarquias. Ganhounotoriedade no Seridó nos anos 60 e 70 ao denunciar, na Rádio Rural,crimes de pistolagem. Seu livro narar o Escândalo Rabo-de-Palha demaneira engraçadíssima e traz mais curiosidades sobre José Agripino.Uma delas é o "lourismo". Define o autor na página 89: "... era uma fauna que definia os mortais de puro sangue do governoJosé Agripino. (...) criaram a República de Jacumã, praia do litoralnorte potiguar. Belas mansões que abrigavam, em veraneios, somentepessoas estritamente do convívio palaciano: uma elite de políticos degrandes currais eleitorais e empresários bons de nota". Segundo Caboré, o lourismo não aceita, por exemplo, Lula napreseidência da República. Peço para ele comentar estas declarações doagropecuarista José Bezerra de Araújo Júnior, suplente de JoséAgripino, em entrevista para a Tribuna do Norte: "Collor foi o governo menos corrupto que o país já teve" e "Eu achoque o Lula é um populista analfabeto. Discrimino mesmo: é analfabeto!" - Taí um exemplo do que faz o lourismo. Nunca quiseram ver Lulapresidente. São contra metalúrgico, contra nero, contra pobre, contraanalfabeto. Acham que não têm direito a nada. Convivo com muita gentedo ourismo. Já ouvi vários afirmarem ser contra Barack Obama. Temalgum motivo dessa casta, dessa elite ser contra Barack Obama a nãoser pelo fato de ele ser negro. Hein? Com a corda toda De volta ao governo em março de 1991 - após derrotar o primo eex-aliado Lavoisier -, José Agripino deixa o cargo em abril de 1994para concorrer mais uma vez ao Senado. Volta a Brasília sem que umescândalo de arrecadação de seu governo seja esclarecido. O Ganhe Jáconsistia numa loteria em que o cidadão trocava notas fiscais porcupons que lhe davam o diereito de concorrer a prêmios - geladeira,bicicleta, mochila. Transcrevo a manchete e o começo de uma reportagemdo JN, Jornal de Natal, de 21 de novembro de 1994: "A Falência do Ganhe Já e o Arrocho Fiscal. A campanha do Ganhe Já,denunciada sistematicamente por este jornal como uma farsa, que vendiauma falsa realidade do Rio Grande do Norte (tendo inclusive motivado adecisão do JN a não publicar quqlaquer anúncio da campanha), faliu semjamais ter alcançado seu objetivo, aumentar a arrecadação do Estado.Foi apenas um sangradouro de dinheiro que financiou a DumboPublicidade e fornecedores e levou o Erário a esvaziar-se a ponto de oEstado não ter dinheiro em caixa sequer para o pagamento da folha dofuncionalismo." O semanário JN vendia 7.500 exemplares (nada mal para uma cidade dotamanho de Natal). A reportagem a seguir ilustra bem o que estava poratrás do Ganhe Já: "O empobrecimento do Estado, que tem hoje uma legião de 1 milhão deflagelados (...), se deu na exata medida do enriquecimento de 'amigosdo peito' do governador, com destaque para os proprietários da DumboPublicidade, responsável pela farsa do Ganhe Já, que manteve quasetoda a imprensa amordaçada durante os quatro anos de governopefelista." A Dumbo Publicidade não tocava o dito programa de arrecadação comzelo, como mostra o JN de 28 de novembro de 1994: "Como tudo que cercou o Ganhe Já antes de sua falência total, aparticipação da empresa Informe Prestação de Serviços Ltda.,terceirizada pela Dumbo Publicidade para executar a campanha, também éum mistério. E dos mais nebulosos. Contratada sem licitação, depoisque o então secretário de Fazenda Manoel Pereira anulouinexplicavelmente a concorrência que havia sido aberta justamente parase escolher a firma que iria trabalhar no Ganhe Já, a Informe viveusempre nas sombras." José Agripino nunca processou o JN pelas denúncias. De bem com a vida Rua Carlos Passos, bairro do Tirol, área prá lá de nobre. É aqui, nocondomínio Aurino Vila, que mora na cobertura com piscina o senadorJosé Agripino. É um edifício de dezesseis andares, de mau gostoarquitetônico - de fachada branca empastilhada. Não é para qualquerum. É para o raro cidadão que tem 1 milhão e meio de reais no bolsosobrando. Grana, para José Agripino, não é problema. Menos aindadepois que o INCRA comprou, já no governo Lula, três imóveis dentro dafazenda São João, antes pertencente ao pai dele, Tarcísio, em Mossoró.O governo comprou os imóveis, com 3.985 hectares, por quase 4 milhõesde reais. Nada mal para quem já declarava à Justiça Eleitoral, em2002, quase 3 milhões de patrimônio. Apuração Estive em Natal na segunda metade de fevereiro passado. Durante umasemana consegui entrevistar apenas três pessoas (e todas sem seidentificar) sobre o Rabo-de-Palha e o Ganhe Já. Ninguém quer tocar noassunto. Fácil explicar: a família de José Agripino, líder do DEM(ex-PFL) no Senado, controla cinco rádios e uma emissora de televisão,a TV Tropical (afiliada da Record); Iberê Ferreira de Souza, seuex-secretário, é vice-governador e secretário de Recursos Hídricos,auxiliar justamente da governadora Wilma de Faria, ex-mulher deLavoisier Maia e secretária de Promoção Social de José Agripino que,caso vencesse Garibladi Filho no pleito de 1985, se tornaria a maiorbeneficiária do Rabo-de-Palha. Tem mais, muito mais: Álvaro Alberto, financiador de campanhaenvolvido no esquema, é um sujeito muito rico. Foi dono da falidaAssociação de Poupança e Empréstimo do Rio Grande do Norte (Apern),hoje preside a Companhia Hipotecária Brasileira (CHB), empresa deobtenção de crédito com atuação em todo o país. O próprio resultado daeleição de 1985 ajudou o caso a cair em esquecimento: Garibaldi Filho,hoje presidente do Senado, venceu o pleito, ajudado pela exposição doescândalo pouco antes da eleição. Ou seja: ganhou a eleição, para quecontestar o resultado? Outra ironia: Garibladi Filho e José Agripinohoje estão aliados, Costumam cumprir agenda, percorrendo juntos oEstado. O Rabo-de-Palha é tabu em Natal, cidade onde nasci e cresci ouvindo emcasa, na escola, na rua a história das "feirinhas do Centro deConvenção" de que falava Agripino. O mesmo acontece com o Ganhe Já.Como todo lugar em que as oligarquias dominam a política e contorlamos veículos de informação, ese tipo de assunto fica restrito à casados envolvidos. O que faz sentido: não existe lugar mais apropriadopara lavar a roupa suja. TAL PAI Cinqüenta e cinco deputados federais (10,7 por cento da casa) detêmconcessões de radiodifusão. O Rio Grande do Norte encabeça o rol demaiores detentores: metade da sua bancada. O deputado potihuar Felipe Maia (DEM), 34 anos, filho de José Agripinoe neto do velho Tarcísio, possui cotas nas rádios A Voz do Seridó eRádio Curimatau de Nova Cruz. Chama atenção o valor das cotas: 32reais. A declaração de bens do parlamentar em 2006 mostra que suaparticipação na Rádio Curimatau é de apenas 10 reais; na outra,investiu mais alto: 22 reais. A maior parte de seus quase 4 milhões de reais declarados está numa desuas oito contas do Fundo de Investimentos Sudameris. Felipe temapartamentos em bairro chique, empresa de revenda de motos, contas emfundos de investimentos. E ainda a Comav, que, mediante concessãopública, transporta o combustível que abastece aeronaves no aeroportode Parnamirim (Grande Natal). Felipe Maia tem participação, também, na emissora de televisão do pai,a TV Tropical (afiliada da Record), com 2.000 reais de cotas. O artigo54 da Constituição diz que deputados e senadores não podem terparticipação no tipo de empresa em que Felipe Maia atua:concessionárias da administração pública. E na Câmara dos Deputadosele é suplente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar... Léo Arcoverde, com colaboração de Raquel Souza. Postado por Alisson Almeida às 10:33 6 comentários: J. Maurício disse... Boa matéria! Poderiam ter especificado, explorado com mais detalhescomo José Agripino Maia se utiliza das concessões públicas queadministra (seria esse o termo?). De qualquer forma, já estava na horado Brasil conhecer a outra face do "galeguinho do Alecrim", ou "jajá",codinomes da ilustre personagem radiografada pela Caros Amigos.Interessante foi ver o pronunciamento de José Agripino se em relação amatéria: parafraseando suas declarações, disse se tratar de umatentativa do governo em colocar sob suspeita a integridade dosoposicionistas. Como se precisasse! Será as pesquisas de opiniãopública não são suficientes para tanto?Bom, mas posso deixar de manifestar minha revolta com o blog da ThaisaGalvão. Aquela senhora é jornalista ou cabo eleitoral de Wilma deFaria, Carlos Eduardo Alves, José Agripino Maia... Nunca tive umcomentário publicado lá. Porque será? Terá sido fato de contestar osposicionamentos dela?Os comentários que ela fez em relação a matéria da Caros Amigos édigno de nota: "A revista Caros Amigos, que está nas bancas, traz comoreportagem de capa, uma matéria que pelo tanto de adjetivo, passalonge de uma matéria jornalística". Perdoe-me está colocando essaspalavras aqui, mas meus questionamentos não encontram espaço por lá...Lá, ela traz também a fala de "jajá" comentando a matéria.Imperdível!!! Ela dá uma verdadeira lição de como se faz jornalismo. Aminha ironia não é fina, mas é essa situação é exasperadora...Sim, parabéns pelo trabalho! 7:57 PM J. Maurício disse... As palavras de "jajá são dignas de nota. Olha só: " Essa matériaestava anunciada, até porque foi encomendada.O governo quer a todocusto desqualificar a oposição. Coisa dos "aloprados". Esse é o preçoque eu pago por interpretar o sentimento da sociedade fazendooposição".Parece até que o governo precisa agir para desmoralizar uma oposiçãoque conta com personas do cacife José Agripino, Arthur Vírgílio,Álvaro Dias... 8:01 PM Alisson Almeida disse... Amigo Maurício, também senti falta na matéria de um maioraprofundamento na questão das concessões. É vergonhoso o uso que osenador em questão faz da TV Tropical. Não sei por que o Léo Arcoverdenão esmiuçou mais sobre isso. Eu mesmo já escrevi alguns artigosfalando desse assunto. Em relação à Thaisa Galvão, não vale a pena nem se indignar com ela.Prefiro deixá-la lá no mundinho dela, escrevendo aquelas coisinhas dafofolítica e tocar meu barco daqui. Depois de algunas embates, percebique só vale a pena pelejar com/contra quem está minimamentehabilitado, intelectualmente falando, a se opor a você. Não é o casodela. A criatura vive de escrever fofoquinhas de bastidores da pequenapolítica e ousa criticar a matéria da "Caros Amigos", dizendo que nãoé uma matéria jornalística. Faça-me o favor, né. E sobre a reação e as palavras de Jajá, não dá pra levá-lo a sério.Ele é simplesmente patético, anedótico. Dizer que ele enquantooposição interpreta "o sentimento da sociedade" é uma piada. Deve sera parcela da sociedade que integra o "lourismo". Falar também em"integridade da oposição" é ser muito cara de pau. Mas Jajá é assimmesmo; tem rompantes ditatoriais e não gosta quando pisam no calodele. A máscara caiu e o reizinho de nada está nú. 9:28 PM Júlio César de Lima Prates disse... Bela matéria. Aqui no outro extremo do país, no outro Rio Grande, suamatéria fez eco. Anunciei-a com um link em meu blog.Sucesso 6:45 PM Pedro disse... Olá. Parabéns pela matéria. Gostaria que os companheiros jornalistasbuscassem informações do Senador José Agripino e a sua relação com aUNP - Universidade Potiguar (maior Universidade particular doNordeste, com quase 30 mil alunos), hoje sócia do GrupoLauretti(Empresa estrangeira que atua no ramo empresarial dasUniversidaeds Particulares do Brasil e do mundo). Esta Universidade é conhecida nacionalmente por praticas de repressãoe retaliação ao movimento estudantil. O curso de Medicina da UNP demorou a ser aprovado, uma vez que o MEC,neste governo, estava mais rigoroso em relação a abertura de novoscursos. Após solucionar os "entraves burocráticos" lá em Brasília,entre 2003 e 2005. O Reitor Manoel Pereira, logo em seguida, foinomeado Reitor desta Universidade. A UNP juntamente com o Instituto Tancredo Neves, organizou uma sériede Cursos de Formação, dentro da própria Universidade, que contou coma presença do próprio José Agripino e com lideranças nacionais doantigo PFL, e hoje DEM. Esta Relação José Agripino e Universidade Potiguar - UNP é algo quemerece muita atenção por parte da imprensa. Por exemplo: Este mesmo Reitor da UNP é o então Manoel Pereira, aquelemesmo citado na matéria da Caros Amigos. "Como tudo que cercou o Ganhe Já antes de sua falência total, aparticipação da empresa Informe Prestação de Serviços Ltda.,terceirizada pela Dumbo Publicidade para executar a campanha, também éum mistério. E dos mais nebulosos. Contratada sem licitação, depoisque o então secretário de Fazenda Manoel Pereira anulouinexplicavelmente a concorrência que havia sido aberta justamente parase escolher a firma que iria trabalhar no Ganhe Já, a Informe viveusempre nas sombras." Abraços fraternos.
Do meio para o fim dos anos 1970, para fazer parte do grupinho oligárquico que havia duas décadas comandava a politica do Rio Grande do Norte, uma condição era suficiente e necessária: aderir à estratégia de renovação do regime autoritário, preparando-se para a transição. Isto é, a bênção dos militares era mais que bem-vinda. O industrial Osmundo faria, dono da salina Amarra Negra e de vasto latifúndio no agreste, estava para ser anunciado sucessor do governador Cortez Pereira (1971-1975). Não tinha experiência em cargo eletivo - era suplente do senador Dinarte Mariz. Mas contava com o apadrinhamento de ninguém menos que o ministro do Exercito, general Dale Coutinho, ex chefe da repressão no Nordeste. Era, no dizer do politico gaúcho Leonel Brizola, o"filhote da ditadura"da vez.
O episódio que pesou contra Osmundo Faria, em maio de 1974, deu-se no
Apoiado pelo PCB e outras forças de esquerda, Aluízio representava interesses de modernização num Estado dominado pela agropecuária. Tinha, contudo, sólidas raízes udenistas - foi eleito deputado federal seguidas vezes, a partir de 1945, pela UDN, pilotando programas de rádio e organizando ações de assistência aos flagelados das secas. Um populista cujo mandato de deputado federal acabaria cassado em fevereiro de 1969 sob a acusação de corrupção. Mais próximo dos generais da ditadura, Dinarte, assim que soube da conversa no bar do hotel, escreveu para o "general de plantão" Ernesto Geisel, reclamando que nem sequer havia sido ouvido sobre a escolha de Osmundo. Geisel chama Petrônio Portela, seu principal articulador:
- Petrônio, você já nomeou o governador do Rio Grande do Norte?
- Ainda não - responde Petrônio de cima do muro.
- Então, dê uma satisfação ao senador Dinarte Mariz.
Não anuncie agora, não.
- Tudo bem. No dia seguinte, morre Dale Coutinho, padrinho de Osmundo e generallinha-dura, que havia proclamado:
- O Brasil melhorou muito quando começamos a matar! É quando entra em cena o general Golobery do Couto e Silva, eminência parda do governo Geisel: convoca o amigo Tarcísio Maia para assumir o governo potiguar e começar a renovar a elite política estadual, como aconteceria país afora.
Um filhote gera outros: nasce a oligarquia Maia. Apesar de ruim de urna, Tarcísio tem fama de bom administrador
- sob abatuta dos generais foi presidente do extinto Ipase, Instituto dePrevidência e Assistência dos Servidores do Estado.
Mostrou-se desdecedo um filhote da ditadura implacável, ávido pelo poder.
A partir de1975, montou uma estrutura de trabalho social preconizada pelo II PND (Plano Nacional de Desenvolvimento) e se fez senhor da política estadual, indicando o primo e compadre, o médico Lavoisier Maia, seu secretário de Saúde, para sucedê-lo na chefia de governo em 1979. Segundo José Antonio Spinelli, sociólogo e professor do Departamento edo Programa de Pós-Graduação em Ciência Sociais da UFRN, UniversidadeFederal do Rio Grande do Norte, esse processo de sucessão deu início àmontagem de uma máquina política poderosa, que ocuparia o poder porlongos anos.
- Essa composição de poder vai ser extremamente receptiva aosinteresses do setor econômico moderno que se consolida nos anos 60 e70. Mas, assim como seus adversários históricos, os aluizistas, traziaa marca do velho na origem, a utilização do enpotismo como forma de sereproduzir. Por sua vez, Lavoisier indica para a prefeitura da capital o filho deseu primo Tarcísio, José Agripino Maia, 33 anos, jovem engenheiro da EIT, uma empreiteira potiguar, de sólidas ligações com governos doNordeste. Antes de nomeado, José Agripino prestava serviço para a EITem São Luís, onde a empresa mantém escritório até hoje. Spinelli confirma: a indicação de quadros técnicos, jovens, ligados ao empresariado de ponta, para as capitais nordestinas, obedecia à estratégia de perpetuação do regime autoritário. Embora dependente dos recursos e das diretrizes técnicas do governo federal, José Agripino, bom de palanque, desembarca no Rio Grande do Norte disposto a tocar, a qualquer custo, o projeto de poder do velhoTarcísio, seu pai. Inicia em 1979 um programa habitacional que o torna popular. Natural de Mossoró, filho de pai paraibano e mãe baiana, José Agripino faz parte do ginásio em Natal, no Colégio Marista, onde estudam os filhos da pequena burguesia.
Aos 13 anos muda para o Rio, onde cursa o Colégio Andrews. Gradua-se em engenharia civil e faz pós-graduação emestabilização de taludes. Analisada friamente, a trajetória de ânsia pelo poder de José Agripino é exemplo de sucesso nas urnas: governador em 1982, na primeira eleição direta pós-1964, contra ninguém menos que Aluízio Alves; e novamente em 1990, em disputa com o primo Lavoisier Maia (o mesmo que o nomeou filhote-prefeito em 1979); e depois senador por dois mandatos. Ajuda dos milicos: o voto camarão Voto vinculado, invenção da ditadura, que o povo apelidou de voto camarão: o eleitor só podia votar em candidatos de um mesmo partido, sob pena de anular o voto.
Era o que José Agripino precisava nas eleições de 1982 para governador. Nem mesmo a popularidade de Aluízio Alves conseguiu vencer a estrutura montada em torno do jovem prefeito. Coordenador da campanha de Aluízio, o jornalista Ticiano Duarte detalha o que pesou a favor do adversário:
- José Agripino foi beneficiado pelo voto camarão. O PDS tinha tudo, estrutura maior, poder, dinheiro. Eram quatro deputados do nosso ladocontra vinte e tantos do outro; eram seis, oito prefeitos contra noventa. Cem vereadores contra quinhentos. Aluízio venceu em Natal porem votos, mas perdeu feio no interior. José Agripino Maia toma posse em 15 de março de 1983 e, dali a doisanos, será flagrado numa reunião com auxiliares e 120 prfeitos,acertando o que constituiria a maior fraude elitoral da história doRio Grande do Norte. Dessa vez, José Agripino queria eleger prefeita de Natal sua secretaria de Promoção Social, Wilma Maia, em 1985. Tinham como adversário o deputado estadual Garibaldi Alves Filho (PMDB), sobrinho de Aluízio e hoje presidente do Senado.
O plano foi todo armado em quatro reuniões, no Centro de Convenções, Zona Sul de Natal. José Agripino simplesmente instruiu os prefeitos a comprar títulos eleitorais, distribuir presentes, incentivar tumultos nos processos devotação e apuração e, ainda, usa veículos oficiais com placas friaspara transportar eleitores do interior para a capital. O caso ficou conhecido como Escândalo Rabo-de-Palha, rótulo fornecido pelo próprio José Agripino, que ao final de uma reunião pediu: - Não podemos deixar rabo-de-palha. Caros Amigos reproduz aqui parte da conversa. Laudo do Instituto Nacional de Criminalística, da Polícia Federal, diz que a voz é do governador. José Agripino
-Os pobres estão indecisos.
É em cima desse povo quevocê tem que atuar. Com uma feirazinha, com um enxoval, com umas coisinhas.
Iberê Ferreira de Souza (secretário) - O povo mais pobre que não se compromete, troca o voto por qualquer coisa. Botar o milho no bolso,porque sem milho não funciona.
Álvaro Alberto (financiador) - O meu jogo é aberto. Se é preciso comprar os títulos, vamos comprar. Te que gastar dinheiro, tem que chegar com o dinheiro. O conceito de democracia de Agripino é peculiar, não é adequado averbete de dicionário, serve apenas a ele e seus apaniguados: - Vamos indicar ma área para vocês trabalharem e inclusive nas áreas modestas, de eleitores indecisos que são sensíveis a uma conversa e a uma negociação, que será feita por nós ou por eles. Democracia é isto! O conceito de terrorista também:
- E aí eu quero fazer um lembrete: importante não é a quantidade de pessoal, é a qualidade das pessoas, porque, se a gente traz uma mocinha, como eu vi na eleição de 82, mocinhas inexperientes, elas ocupam uma função, não dão conta do recado e perdem fácil para o comunista, o terrorista, que vai se impor, intimidar e ganhar nogrito. Incômoda redemocratização Com a redemocratização e a nomeação do peemedebista Aluízio Alves ministro da Administração do governo Sarney, os adversários de José Agripino é que passam a dar as cartas em Brasília.
O plano do então governador, de "implodir" o PMDB, não se concretiza. Pelo contrário. ALuízio a autoconcessão da TV Cabugi (afiliada da Globo) - sua família também é dona de rádios e do jornal Tribuna do Norte. Garibaldi Filhoé eleito prefeito de Natal. No ano seguinte, a chapa João, Lavô e Jajá(João Faustino para governador r Lavoisier Maia e José Agripino, senadores) leva as duas vagas do Senado, mas perde na "cabeça" para Geraldo Melo,a liado dos Alves. O filhote não cai, mas balança. Nos últimos trinta anos, alguns atos de José Agripino povoam ofolclore político da região. Um deles, quem conta é o colega AiltonMedeiros, blogueiro e apresentador de progrma de entrevistas de umaemissora de televisão de Natal. - No primeiro governo de José Agripino, me mandaram cobrir a visita dogovernador aos flagelados do Seridó. Eu estava acompanhando o senadorDinarte Mariz, quando José Agripino começou a fumar numa piteira deouro. Foi repreendido por Dinarte: "O que é isso? Isso é maneira devisistar os flagelados?" Daí, o governador, meio sem jeito, apagou ocigarro. Outro detalhe é o gosto de José Agripino por carros e equipamentos desom e imagem. Em 2002 declarou que tem um luxuoso Mercedes SL-320 de114.500 reais; a sala de cinema instalada em seu apartamento de Natalestá avaliada em mais de 150.000 reais. Lourismo: uma questão de bom gosto racial Em 2006, o jornalista e escritor Orlando Rangel Rodrigues, o Caboré,lançou Rabo-de-Palha: o Jabá de Jajá. Caboré é um tipo atuante,opositor da ditadura militar e crítico feroz das oligarquias. Ganhounotoriedade no Seridó nos anos 60 e 70 ao denunciar, na Rádio Rural,crimes de pistolagem. Seu livro narar o Escândalo Rabo-de-Palha demaneira engraçadíssima e traz mais curiosidades sobre José Agripino.Uma delas é o "lourismo". Define o autor na página 89: "... era uma fauna que definia os mortais de puro sangue do governoJosé Agripino. (...) criaram a República de Jacumã, praia do litoralnorte potiguar. Belas mansões que abrigavam, em veraneios, somentepessoas estritamente do convívio palaciano: uma elite de políticos degrandes currais eleitorais e empresários bons de nota". Segundo Caboré, o lourismo não aceita, por exemplo, Lula napreseidência da República. Peço para ele comentar estas declarações doagropecuarista José Bezerra de Araújo Júnior, suplente de JoséAgripino, em entrevista para a Tribuna do Norte: "Collor foi o governo menos corrupto que o país já teve" e "Eu achoque o Lula é um populista analfabeto. Discrimino mesmo: é analfabeto!" - Taí um exemplo do que faz o lourismo. Nunca quiseram ver Lulapresidente. São contra metalúrgico, contra nero, contra pobre, contraanalfabeto. Acham que não têm direito a nada. Convivo com muita gentedo ourismo. Já ouvi vários afirmarem ser contra Barack Obama. Temalgum motivo dessa casta, dessa elite ser contra Barack Obama a nãoser pelo fato de ele ser negro. Hein? Com a corda toda De volta ao governo em março de 1991 - após derrotar o primo eex-aliado Lavoisier -, José Agripino deixa o cargo em abril de 1994para concorrer mais uma vez ao Senado. Volta a Brasília sem que umescândalo de arrecadação de seu governo seja esclarecido. O Ganhe Jáconsistia numa loteria em que o cidadão trocava notas fiscais porcupons que lhe davam o diereito de concorrer a prêmios - geladeira,bicicleta, mochila. Transcrevo a manchete e o começo de uma reportagemdo JN, Jornal de Natal, de 21 de novembro de 1994: "A Falência do Ganhe Já e o Arrocho Fiscal. A campanha do Ganhe Já,denunciada sistematicamente por este jornal como uma farsa, que vendiauma falsa realidade do Rio Grande do Norte (tendo inclusive motivado adecisão do JN a não publicar quqlaquer anúncio da campanha), faliu semjamais ter alcançado seu objetivo, aumentar a arrecadação do Estado.Foi apenas um sangradouro de dinheiro que financiou a DumboPublicidade e fornecedores e levou o Erário a esvaziar-se a ponto de oEstado não ter dinheiro em caixa sequer para o pagamento da folha dofuncionalismo." O semanário JN vendia 7.500 exemplares (nada mal para uma cidade dotamanho de Natal). A reportagem a seguir ilustra bem o que estava poratrás do Ganhe Já: "O empobrecimento do Estado, que tem hoje uma legião de 1 milhão deflagelados (...), se deu na exata medida do enriquecimento de 'amigosdo peito' do governador, com destaque para os proprietários da DumboPublicidade, responsável pela farsa do Ganhe Já, que manteve quasetoda a imprensa amordaçada durante os quatro anos de governopefelista." A Dumbo Publicidade não tocava o dito programa de arrecadação comzelo, como mostra o JN de 28 de novembro de 1994: "Como tudo que cercou o Ganhe Já antes de sua falência total, aparticipação da empresa Informe Prestação de Serviços Ltda.,terceirizada pela Dumbo Publicidade para executar a campanha, também éum mistério. E dos mais nebulosos. Contratada sem licitação, depoisque o então secretário de Fazenda Manoel Pereira anulouinexplicavelmente a concorrência que havia sido aberta justamente parase escolher a firma que iria trabalhar no Ganhe Já, a Informe viveusempre nas sombras." José Agripino nunca processou o JN pelas denúncias. De bem com a vida Rua Carlos Passos, bairro do Tirol, área prá lá de nobre. É aqui, nocondomínio Aurino Vila, que mora na cobertura com piscina o senadorJosé Agripino. É um edifício de dezesseis andares, de mau gostoarquitetônico - de fachada branca empastilhada. Não é para qualquerum. É para o raro cidadão que tem 1 milhão e meio de reais no bolsosobrando. Grana, para José Agripino, não é problema. Menos aindadepois que o INCRA comprou, já no governo Lula, três imóveis dentro dafazenda São João, antes pertencente ao pai dele, Tarcísio, em Mossoró.O governo comprou os imóveis, com 3.985 hectares, por quase 4 milhõesde reais. Nada mal para quem já declarava à Justiça Eleitoral, em2002, quase 3 milhões de patrimônio. Apuração Estive em Natal na segunda metade de fevereiro passado. Durante umasemana consegui entrevistar apenas três pessoas (e todas sem seidentificar) sobre o Rabo-de-Palha e o Ganhe Já. Ninguém quer tocar noassunto. Fácil explicar: a família de José Agripino, líder do DEM(ex-PFL) no Senado, controla cinco rádios e uma emissora de televisão,a TV Tropical (afiliada da Record); Iberê Ferreira de Souza, seuex-secretário, é vice-governador e secretário de Recursos Hídricos,auxiliar justamente da governadora Wilma de Faria, ex-mulher deLavoisier Maia e secretária de Promoção Social de José Agripino que,caso vencesse Garibladi Filho no pleito de 1985, se tornaria a maiorbeneficiária do Rabo-de-Palha. Tem mais, muito mais: Álvaro Alberto, financiador de campanhaenvolvido no esquema, é um sujeito muito rico. Foi dono da falidaAssociação de Poupança e Empréstimo do Rio Grande do Norte (Apern),hoje preside a Companhia Hipotecária Brasileira (CHB), empresa deobtenção de crédito com atuação em todo o país. O próprio resultado daeleição de 1985 ajudou o caso a cair em esquecimento: Garibaldi Filho,hoje presidente do Senado, venceu o pleito, ajudado pela exposição doescândalo pouco antes da eleição. Ou seja: ganhou a eleição, para quecontestar o resultado? Outra ironia: Garibladi Filho e José Agripinohoje estão aliados, Costumam cumprir agenda, percorrendo juntos oEstado. O Rabo-de-Palha é tabu em Natal, cidade onde nasci e cresci ouvindo emcasa, na escola, na rua a história das "feirinhas do Centro deConvenção" de que falava Agripino. O mesmo acontece com o Ganhe Já.Como todo lugar em que as oligarquias dominam a política e contorlamos veículos de informação, ese tipo de assunto fica restrito à casados envolvidos. O que faz sentido: não existe lugar mais apropriadopara lavar a roupa suja. TAL PAI Cinqüenta e cinco deputados federais (10,7 por cento da casa) detêmconcessões de radiodifusão. O Rio Grande do Norte encabeça o rol demaiores detentores: metade da sua bancada. O deputado potihuar Felipe Maia (DEM), 34 anos, filho de José Agripinoe neto do velho Tarcísio, possui cotas nas rádios A Voz do Seridó eRádio Curimatau de Nova Cruz. Chama atenção o valor das cotas: 32reais. A declaração de bens do parlamentar em 2006 mostra que suaparticipação na Rádio Curimatau é de apenas 10 reais; na outra,investiu mais alto: 22 reais. A maior parte de seus quase 4 milhões de reais declarados está numa desuas oito contas do Fundo de Investimentos Sudameris. Felipe temapartamentos em bairro chique, empresa de revenda de motos, contas emfundos de investimentos. E ainda a Comav, que, mediante concessãopública, transporta o combustível que abastece aeronaves no aeroportode Parnamirim (Grande Natal). Felipe Maia tem participação, também, na emissora de televisão do pai,a TV Tropical (afiliada da Record), com 2.000 reais de cotas. O artigo54 da Constituição diz que deputados e senadores não podem terparticipação no tipo de empresa em que Felipe Maia atua:concessionárias da administração pública. E na Câmara dos Deputadosele é suplente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar... Léo Arcoverde, com colaboração de Raquel Souza. Postado por Alisson Almeida às 10:33 6 comentários: J. Maurício disse... Boa matéria! Poderiam ter especificado, explorado com mais detalhescomo José Agripino Maia se utiliza das concessões públicas queadministra (seria esse o termo?). De qualquer forma, já estava na horado Brasil conhecer a outra face do "galeguinho do Alecrim", ou "jajá",codinomes da ilustre personagem radiografada pela Caros Amigos.Interessante foi ver o pronunciamento de José Agripino se em relação amatéria: parafraseando suas declarações, disse se tratar de umatentativa do governo em colocar sob suspeita a integridade dosoposicionistas. Como se precisasse! Será as pesquisas de opiniãopública não são suficientes para tanto?Bom, mas posso deixar de manifestar minha revolta com o blog da ThaisaGalvão. Aquela senhora é jornalista ou cabo eleitoral de Wilma deFaria, Carlos Eduardo Alves, José Agripino Maia... Nunca tive umcomentário publicado lá. Porque será? Terá sido fato de contestar osposicionamentos dela?Os comentários que ela fez em relação a matéria da Caros Amigos édigno de nota: "A revista Caros Amigos, que está nas bancas, traz comoreportagem de capa, uma matéria que pelo tanto de adjetivo, passalonge de uma matéria jornalística". Perdoe-me está colocando essaspalavras aqui, mas meus questionamentos não encontram espaço por lá...Lá, ela traz também a fala de "jajá" comentando a matéria.Imperdível!!! Ela dá uma verdadeira lição de como se faz jornalismo. Aminha ironia não é fina, mas é essa situação é exasperadora...Sim, parabéns pelo trabalho! 7:57 PM J. Maurício disse... As palavras de "jajá são dignas de nota. Olha só: " Essa matériaestava anunciada, até porque foi encomendada.O governo quer a todocusto desqualificar a oposição. Coisa dos "aloprados". Esse é o preçoque eu pago por interpretar o sentimento da sociedade fazendooposição".Parece até que o governo precisa agir para desmoralizar uma oposiçãoque conta com personas do cacife José Agripino, Arthur Vírgílio,Álvaro Dias... 8:01 PM Alisson Almeida disse... Amigo Maurício, também senti falta na matéria de um maioraprofundamento na questão das concessões. É vergonhoso o uso que osenador em questão faz da TV Tropical. Não sei por que o Léo Arcoverdenão esmiuçou mais sobre isso. Eu mesmo já escrevi alguns artigosfalando desse assunto. Em relação à Thaisa Galvão, não vale a pena nem se indignar com ela.Prefiro deixá-la lá no mundinho dela, escrevendo aquelas coisinhas dafofolítica e tocar meu barco daqui. Depois de algunas embates, percebique só vale a pena pelejar com/contra quem está minimamentehabilitado, intelectualmente falando, a se opor a você. Não é o casodela. A criatura vive de escrever fofoquinhas de bastidores da pequenapolítica e ousa criticar a matéria da "Caros Amigos", dizendo que nãoé uma matéria jornalística. Faça-me o favor, né. E sobre a reação e as palavras de Jajá, não dá pra levá-lo a sério.Ele é simplesmente patético, anedótico. Dizer que ele enquantooposição interpreta "o sentimento da sociedade" é uma piada. Deve sera parcela da sociedade que integra o "lourismo". Falar também em"integridade da oposição" é ser muito cara de pau. Mas Jajá é assimmesmo; tem rompantes ditatoriais e não gosta quando pisam no calodele. A máscara caiu e o reizinho de nada está nú. 9:28 PM Júlio César de Lima Prates disse... Bela matéria. Aqui no outro extremo do país, no outro Rio Grande, suamatéria fez eco. Anunciei-a com um link em meu blog.Sucesso 6:45 PM Pedro disse... Olá. Parabéns pela matéria. Gostaria que os companheiros jornalistasbuscassem informações do Senador José Agripino e a sua relação com aUNP - Universidade Potiguar (maior Universidade particular doNordeste, com quase 30 mil alunos), hoje sócia do GrupoLauretti(Empresa estrangeira que atua no ramo empresarial dasUniversidaeds Particulares do Brasil e do mundo). Esta Universidade é conhecida nacionalmente por praticas de repressãoe retaliação ao movimento estudantil. O curso de Medicina da UNP demorou a ser aprovado, uma vez que o MEC,neste governo, estava mais rigoroso em relação a abertura de novoscursos. Após solucionar os "entraves burocráticos" lá em Brasília,entre 2003 e 2005. O Reitor Manoel Pereira, logo em seguida, foinomeado Reitor desta Universidade. A UNP juntamente com o Instituto Tancredo Neves, organizou uma sériede Cursos de Formação, dentro da própria Universidade, que contou coma presença do próprio José Agripino e com lideranças nacionais doantigo PFL, e hoje DEM. Esta Relação José Agripino e Universidade Potiguar - UNP é algo quemerece muita atenção por parte da imprensa. Por exemplo: Este mesmo Reitor da UNP é o então Manoel Pereira, aquelemesmo citado na matéria da Caros Amigos. "Como tudo que cercou o Ganhe Já antes de sua falência total, aparticipação da empresa Informe Prestação de Serviços Ltda.,terceirizada pela Dumbo Publicidade para executar a campanha, também éum mistério. E dos mais nebulosos. Contratada sem licitação, depoisque o então secretário de Fazenda Manoel Pereira anulouinexplicavelmente a concorrência que havia sido aberta justamente parase escolher a firma que iria trabalhar no Ganhe Já, a Informe viveusempre nas sombras." Abraços fraternos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário